sexta-feira, 18 de maio de 2012

Relógio biológico evoluiu de forma similar em todos os seres vivos.


O relógio circadiano, que rege o ritmo biológico dos seres vivos e se ativa a cada 24 horas, evoluiu há 2.500 milhões de anos de forma parecida em todos os seres vivos, informou a revista britânica "Nature".

Uma pesquisa liderada pelo neurocientista Akhilesh Reddy, da Universidade de Cambridge (Reino Unido), mostra pela primeira vez que o chamado relógio biológico evoluiu de forma muito parecida desde o início da vida em todos os organismos, inclusive as bactérias, e que suas características são similares.

"Até agora se pensava que o relógio circadiano dos diferentes organismos tinha evoluído separadamente, e que cada um estava controlado por genes e proteínas diferentes. Nosso trabalho unifica a forma na qual o relógio interno controla o tempo", explicou Reddy à Agência Efe.

O relógio circadiano, responsável da regulação de um grande número de processos biológicos como o apetite, o sono e a vigília, está presente em todas as células, menos nas cancerígenas e funciona graças à produção de uma proteína denominada peroxirredoxina.

Os pesquisadores associam alterações nesta proteína com desordens como a obesidade, o diabetes, a insônia, a depressão, as doenças coronárias e o câncer, e por isso confiam que este estudo permitirá futuros avanços em relação a estas doenças.

Em um estudo divulgado no ano passado, Reddy já tinha conseguido demonstrar que os humanos não eram os únicos possuidores deste relógio biológico, que também pode ser encontrado em todos os demais organismos cujo DNA se encontra no núcleo das células, como animais e plantas.

Mediante a observação das mudanças químicas que a peroxirredoxina sofre durante o dia e a noite em ratos, moscas da fruta, fungos e bactérias, sua equipe descobriu agora que até as formas de vida mais primitivas, inclusive organismos sem núcleo, também estão reguladas por este relógio interno.

"É muito provável que todos os seres vivos tenham um mecanismo similar para medir o tempo em ciclos de 24 horas, o que representa uma descoberta completamente nova que nos permitiria investigar os ritmos circadianos em organismos nos quais não se suspeitava que os tivessem", declarou Reddy.
(Estadão, 17.5.12)