terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Criacionismo.


De uns tempos para cá alguns leitores criacionistas tem visitado esse blog deixando comentários que, para mim, são surpreendentes.
Só relembrando, para eles tudo aconteceu rigorosamente como descrito pela bíblia. Ou seja, deus criando tudo em 6 dias, paraíso, fruto do pecado, Adão e Eva, Noé e tudo mais.
Por uma questão de coerência – mas não sem algum embaraço - são obrigados a defender também que tudo isso aconteceu há menos de 10.000 anos, pois é o que diz o livro “sagrado”.
Para um criacionista a arqueologia, mineralogia, química, física, paleontologia – só para citar alguns – estão profundamente erradas em seus conceitos mais elementares.
E não estamos falando de um errinho qualquer já que, para a ciência nosso planeta surgiu há 4,6 bilhões de anos.
Mas como se sabe a idade da Terra?
Sabe-se que os isótopos - átomos com o mesmo número atômico e diferentes números de massa - de uma série de elementos químicos, como o urânio, se decompõem e produzem outras substâncias pela emissão de partículas ou radiações.
O tempo necessário à decomposição de metade da massa radioativa desses elementos é chamada meia-vida. Conhecendo as quantidades dos elementos radioativos e do material deles derivados, calcula-se a idade de um mineral, método conhecido por datação radiativa.
Assim, a idade da Terra - aproximadamente 4,56 bilhões de anos - foi determinada a partir da relação entre dois isótopos de chumbo formados pela decomposição de isótopos de urânio.
Isso não é crendice, especulação ou uma teoria, isso é ciência, a mesma que enviou homens a lua, jipinhos a Marte e que vasculha nosso corpo através de sofisticados exames médicos como tomografias, ultrasons, radiografias.
Criacionistas não deviam usar celular e nem navegar na internet pois segundo eles essas maravilhas foram inventadas por cientistas burros e incompetentes. Nem deveriam andar de avião, ser operados em hospitais modernos ou sequer andar de carro.
Como os cientistas poderiam estar tão errados se usando os princípios científicos que defendem conseguem proezas como essas? Como a Nasa consegue examinar a composição de uma rocha em Marte com cientistas tão errados?
Dinosauros, eras geológicas, formação do petróleo? Tudo em 10 mil anos.
Homem, da caverna à estação espacial? Adivinhem, 10 mil anos.
Um dos leitores postou aqui uma defesa dos métodos “não radiométricos” através dos quais ficaria cientificamente comprovada a juventude da Terra. Ele só se esqueceu de citar quem são os cientistas que usam esses métodos, pois seus colegas da Nasa e das universidades, laboratórios e comunidades cientificas do mundo todo pensam diferente.
Os seguidores fiéis da bíblia só teriam uma saída para defender a infalibilidade absoluta dos textos “sagrados” que é afirmar que são de uma outra época, outros estilos, que ela foi escrita de forma alegórica e figurativa e não pode ser levada ao pé da letra. É uma boa resposta, já tivemos leitores aqui que escaparam por aí.
Há outros, um pouco mais ridículos, que escrevem que na verdade um dia terrestre corresponde a mil dias de deus. Sem comentários.
Sobre a historia contada pela bíblia a explicação real é a de que foi escrita por peregrinos do deserto há milhares de anos, sendo depois traduzida, adaptada, traduzida novamente, cortada, editada e formatada até que cumprisse o seu papel como base de uma religião.
Um outro leitor escreveu que “(...) há muitos cientistas não criacionistas que sabem que a teoria da evolução, tal como proposta por Dawkins ou Harris, é um total absurdo.
Répteis não evoluem para pássaros, Lineu. Que ideia mais ridícula.”
Este tipo de pensamento deveria ter ficado lá pelo século 19 mas segue firme e forte em pleno século 21. (Aliás, repteis realmente não evoluem para pássaros mas ambos tem antepassados comuns.)
Não há qualquer fundamento cientifico na bíblia e suas lendas primitivas já foram desmontadas pela ciência séria.
O criacionismo é primitivo, ilógico, obscuro e indefensável e seus seguidores me fazem lembrar aquelas pessoas que insistem em afirmar que o homem jamais foi à lua e que tudo não passa de uma encenação da Nasa.
Dá até preguiça...